A Revolução II
Excitação,
Grupos conversando
acaloradamente,
As últimas sobre militares, a
expropriação de mais um banco,
A empresa metalúrgica que se
quedara perante o acontecimento.
- Aqueles ali estão gozando o
cheiro do dinheiro do banco expropriado.
Como se fosse seu e dele
dispusessem no amanhã.
Os
revolucionários
da época,
Tudo em nome do povo,
O
revolucionarismo,
Os excessos.
O entorpecimento.
As primeiras vozes tímidas
discordantes.
O verão
quente
reclamando o fim da representação
Do poder histórico só por
alguns.
Comprometera-se o futuro da
liberdade instaurada
Com a corrupção do momento.
- Pai! Compra-me aquele avião.
Ele, que comia o passado com
pão de fome.
- Calculas lá o que passámos
para tomar o avião em Luanda!
- O vamos fazer? O Sr. Manuel
Empreiteiro fugiu para o Brasil!
Gente cansada da labuta diária,
já a troco de nada
Convivendo com o passado
virulento.
O ano andava calmo.
Há dois que o Governo não
caía.
Sem aumentos para a carteira
A inflação pela hora da
morte,
As mentes em desalento.
- Estás a ver, o PREC acabou.
(Mai
1977)
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