Do meu Diário (6)

Do meu Diário

14 Mar 1980

Lembras-te, meu Amor?

Do fim-de-semana em que de Londres

voamos para Paris?

Já lá vão…

tantos anos!

Fomos jantar ao Restaurante da Torre Eiffel.

Depois procuramos

um Hotel.

Recordas-te

que nos demos conta, após alguns telefonemas,

que não haveria vagas naquela imensa cidade.

Insistimos, recorrendo à lista telefónica da cabine da Torre.

Nada.

Tivemos, então, uma ideia…

recorrer a um táxi,

pedindo “que nos levasse a um hotel”.

Lembro que percorremos Paris,

que o próprio chauffeur era quem decidia onde ir e

confirmava a não existência de quarto, até que…

ele disse…

“este tem lugar para vós”!

Suspiraste de alívio,

a fachada era simpática,

bem iluminada,

a rua sossegada,

a senhora da receção irradiava afabilidade e…

deu-nos uma chave.

O quarto pequeno mas acolhedor,

somente a casa de banho apresentava uma pequena

incomodidade:

não tinha toalhas a não ser as de bidé.

Eram duas da manhã,

cansados,

disseste: “amanhã resolve-se esse problema”!

Pelas 4 horas da manhã acordamos com algum barulho

de portas a abrir

e a fechar,

passos no corredor,

risos…

O sossego desaparecera!

Em poucos segundos as nossas faces iluminaram-se com a verdade: estávamos num hotel de “passe” da noite parisiense…

Sorriste…

atingimos a razão das toalhas de bidé…

e decidimos fazer o mesmo que os outros…

só que sairíamos apenas de manhã.

Pelas 10 horas

vestimo-nos,

passamos pela receção,

tivemos um sorriso prazenteiro e

 um “bonjour Madame/Monsieur”.

Perguntei

pelo pequeno-almoço,

fomos conduzidos à sala respetiva,

sem ninguém usufruindo…

era natural, dadas as circunstancias…

e fomos banqueteados

com um opíparo pequeno-almoço francês.

Deixamos a mala no quarto,

saímos para “curtir” Paris

como dois namorados que éramos…

e voltamos à noite para dormir

e fizemos,

de novo,

o que os casais que se amam fazem.

Um ótimo fim-de-semana!

Regressamos a Londres onde as reuniões nos esperavam.

Lembraste, meu Amor?

Ficou a saudade do “Amor em Paris”.

…E a minha recordação que perdura até hoje

como uma aventura “sorridente”.