Na profundeza das trevas




Tuas mágoas foram sombras constantes na pureza do teu mundo.
Teus lábios repetiam sem cansaço o medo da desilusão.

No lodo das emoções da vida, antes de a maldição se instalar,
Teu rio de virtudes imensas ardeu em fogo de paixão.

O tempo que tudo esconde ainda alvoroça minha existência
Teus olhos que falavam são ainda o brilho da minha solidão.

Mergulha, banha-te em mim! Sente a corda que amarra a proa
Colhe meu lodo que afronta o medo perdido na tua ilusão.

Quero continuar respirando a luz que te cobre os sentidos
Ver teu corpo esfumar-se na luz difusa das noites de verão.

Puxa a barca coberta de cravos que enfeitaram teu corpo
Mata o fogo que me consome sem vislumbre de teu perdão.

Sê minha apenas uma vez mais no sonho que almejo.
Dá-me as letras de ouro que tocavam teu violino.
Ai de mim! Nas trevas onde vivo não sou mais teu, não!
(Mar 2015)

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