Voltaste!

Tenho observado os teus males de alma,
os silêncios sem limites do teu coração.
Esses teus lábios fechados na inquietude da madrugada
são o grito das virgulas
que abandonaram as letras do teu alfabeto.
Peguei na paisagem
e coloquei em fila os ciprestes
da minha imaginação.
Enviei pássaros brancos
com a nova de meu colo sempre presente.
Fiz crescer as letras brandas em torno da terra macia.
Marquei indelevelmente o teu nome no tempo
que tudo enaltece,
empurrei rio acima o silencio que ninguém advinha.
E fi-lo morrer como se fosse um gemido
de movimento de anjos.
Vi no fundo do teu olhar o esforço
que compensa as nossas vidas,
a certeza do desejo imenso
de atravessar a cortina batida pelo vento.
Sei que voltaste!

Os teus lábios, em silencio,
não se cansam de repetir:
Voltei!
Sou eu outra vez!

Comentários

Postagens mais visitadas