Minha muito filha, terceira flor semeada, desta feita, no coração.


Lembro-me sempre de ti,
no canto da memória guardada para tempos especiais.
Por entre árvores e vento,
sobre a erva coalhada da manhã,
a tua imagem preenche os vazios da palavra.
Vejo-te no país do cimento
onde se recitam palácios de som
mas não existem caçadores do arco-iris.
E no meio de jacintos tesourados pelo fogo,
a tua imagem avança em mim mais um passo.
No escuro do meu pensamento,
onde o silencio encurralado bate explosivo,
um cérebro inundado de amor por ti,
mas também de angustia,
quando estremecem as letras no alto das folhas.
Gostava de saber dar-te a réstia de felicidade que te falta,
alimentar de figos a tua imagem esbelta,
partir a cabeça dos violinos quando rompes a barreira do sono,
aplainar na tábua todo teu silencio
quando a luz toca o gosto amargo da desilusão.
Mas a minha musa a isso não alcança.
Apenas consigo ser Pai e manter teu espírito no canto da memoria que te reservo para os tais tempos especiais.

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