Minha filha mais velha, primeira flor do meu jardim.


És mulher feita, mãe conseguida.
Mas tens passado na vida
como um trovão irrompe no pensamento.
Deixas teus vidros moles no interior da existência
para, vezes sem conta,
em becos imprevisíveis,
entrares em direcções sem saída.
Regressas à esquina,
pé ante pé,
levantas tijolos contra o horizonte querendo ver nada,
em regresso de viagem.
Desejo ver o teu grito de revolta,
deixando males de alma no rebordo da estrofe de uma qualquer manhã de névoa em teu jardim.
Deixa uma qual estranha flor te pique
ou te colha,
sentindo a mão que estremece,
qual pássaro fugindo em manhã primaveril.
Assenta teus leopardos
nos céus amarelos de fonte de querer.
Deixa na cálida palidez da madrugada
roubarem-te a solidão
em voo rasante de ave com destino certo.
Teus filhos agradecem,
teu pai rejubilará.
E, de novo, em tábuas aplainadas
descansarei meu coração,
retomando em paz o meu caminho na vida.

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