Minha filha do meio, a segunda flor de semeadura.


Voltou o Inverno!
Lembrar os dias cálidos de Outono
é como sonhar com a Primavera que tarda.
Há que aceitar a chuva,
o frio nos corações,
lembranças das noites que esmagam,
troncos e ramos sem folhas,
como dedos bracejando numa ânsia de vida.
É como trocar as palavras por lágrimas,
aceitando a substancia do vento,
comungando na ressaca do divino.
Voltou o Inverno!
Aproveito o tempo presente para adormecer junto aos arcos da memória,
aguardando em confuso acerbo,
o passar lento dos dias.
Voo para lugares inacessíveis onde nomes e janelas
são violinos no ofício da poesia,
afogo-me nos poemas arrebatados onde a maturidade da vida alimenta com sangue a minha loucura.
Saio poeta com vida imerecida,
mas em paz com a beleza amarga destes dias melancólicos.
Voltou o Inverno!

Mas tu
cresce na tua timidez de mulher feita,
avança sobre todas as clareiras onde os silêncios têm voz,
esquece os padecimentos e os enigmas perfumados,
solta as amarras da tua existência,
cresce
cresce depressa,
a Vida espera por Ti.

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