... Colheremos saudades...


Saudade! Ó que saudade
do tempo que passou,
de tudo o que vivemos
do amor que nunca esfriou.

Vivemos para o presente,
mas o passado aplainámos.
Com ânsia de nada perder
a vida sempre agarrámos.

Sofremos os dois juntos
as misérias da humanidade,
onde presente estiveste
com amor e fraternidade.

Mas Deus que te criou
e essa bondade forneceu,
buscou-te a este mundo
onde ele próprio padeceu.

Sinto uma raiva incontida
de presente te não ter,
Mas esta antecipação perdoo
se Ele na eternidade te reter.

Esperando por mim, pelos filhos,
teus amigos aguardar!
Então, no Céu todos faremos
uma tremenda festa milenar.

Os dois juntos éramos um,
Ó minha flor bem-amada,
nesta vida caminhando só,
não sou gente, não sou nada.

Ajudando o que sei e posso
Vou o caminho dos filhos vendo,
mas falta tua sensibilidade
no amparo aos filhos crescendo.

E já quase todos netos deram
amparando minha existência,
quão feliz seria, alma sublime,
se ajudasses nessa envolvência.

Todos os dias, todas as horas
choro no teu regaço ausente,
Oh! meu Deus que fazer
com esta saudade tão presente?

Como estar ou viver posso
nesta vida tão descontente?
Ela era a árvore da vida,
luz perene da minha mente.

Quero mergulhar na dança
dos arcos da minha existência!
Se preciso,
rasgo o vento, salto a muralha
e busco a profunda penitencia
de, a par da dádiva da alma minha,
o direito à exigência surja
do perfeito milagre da natureza:
eu me apague, ela ressurja.

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