A intransigência estrutural da Igreja Católica, que teve a sua verdadeira ascendência na Idade Média, prevaleceu nos séculos seguintes em perseguições, sempre em nome de Deus, dirigidas por homens com um denominador comum: a autoridade e a sua preservação a todo o custo.
Analise-se um caso, entre muitos que, directa ou indirectamente, deu origem ao nascimento de uma religião, mais uma vez devida à tradicional intolerância da Igreja Católica, em desrespeito pelos ensinamentos de Cristo. Uma “seita”, como todas, que apenas pretendia louvar as Tradições, o guia espirita da história da sua gente. Como todas as religiões, uma expressão de fé, de crença no Divino, de Deus em suma. Uma religião que unia os escravos africanos nas provações da vida em cativeiro.
Como se vê, uma absoluta necessidade espiritual dados os agravos que esses povos sofriam sujeitos à escravidão.
A inexistência de liberdade religiosa, que ao tempo grassou por todo o mundo, na tentativa de se impor um ideal único, escravizando os povos a dogmas, se bem que ensinados por Cristo, ferreamente adulterados pelos papas e seus seguidores durante séculos em absoluta intransigência ditatorial.
E assim nasceram “seitas” consideradas à margem da vida espiritual, enraizando o mal-estar, o confronto, a guerra religiosa que se levou a extremos impensáveis e que perdurou até aos nossos dias.
A Umbanda. Um conceito religioso que sintetiza e absorve o catolicismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras e a religiosidade indígena.
A sua origem, talvez se deva em particular a um episódio que arrasou terreiros, capturou praticantes, espancamentos e imagens de culto destruídas. Nas Américas, uma denominada Liga de Republicanos Combatentes, liderada por um ex-Governante local, investiu contra o actual Governador.
Em mira, claro, a intransigência politica dos contendores.
Os conceitos básicos da Umbanda são a existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, os valores humanos – fraternidade, caridade e respeito pelo próximo – uma conduta moral e espiritual, a crença na imortalidade da alma e na reencarnação. Prega a existência pacifica, o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus.
Todo o trabalho espiritual se faz através de ”médiuns” que estabelecem o contacto entre o mundo físico e o espiritual.
O povo cigano na Umbanda domina a magia e preserva a liberdade para escolha dos materiais que instrumentalizam e exercem no seu trabalho.
Os pajés são outros agentes e pontos de referencia da tradição indígena que convergem na “casa da oração” onde os índios se comunicam com os espíritos dos seus ancestrais e se religam à mãe terra, considerando que a fauna, a flora, plantas e animais são sagrados e devem ser preservados, assim como a água que é fonte de vida.
A religião dos indígenas está ligada aos “mitos” de cada povo. Eles não usavam a palavra “religião”.
Mito, é a fábula que relata a história dos deuses, da Antiguidade Pagã. Uma interpretação ingénua do mundo e da sua origem. Uma tradição devida a um facto natural, histórico ou filosófico.
Os Indígenas acreditam na sua ligação com a natureza e esta, com Deus.
As doenças são causadas por espíritos. A saudade, o amor e o remorso podem ser causadas pelo roubo de alma de um espírito maligno. Plantas vermelhas curam doenças de fígado. Algumas secreções são impuras, muco nasal, sangue e serume, outras são nocivas, saliva e urina de animal, alguns objectos são amuletos com poderes sobrenaturais, dente de onça, de jacaré, etc.
As crenças destes povos apenas pretendiam aplanar o sofrimento dos escravos africanos, quando estes eram apanhados pelas redes montadas pelos brancos europeus, e engrossavam o lote de mão-de-obra necessária ao desbravamento dos novos mundos.
Este desumano agrilhoamento era abençoado pela Igreja, esquecendo os ensinamentos de Cristo.

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