A Globalização
A
globalização nasceu cheia de termos económicos, com muito desejo
de mercados expandidos. Trouxe a desigualdade e, claro, o
capitalismo.
Provocou
uma mudança dos paradigmas educacionais.
Mas
exige, imperativamente, um outro modelo de humanismo, que garanta as
mesmas condições de formação, académica e profissional, a todos
os habitantes do planeta.
Sem
essa medida não há justiça nesta globalização.
Poderemos
dizer que essa exigência está em marcha. Por todo o lado, país a
país, nota-se a reivindicação da identidade cultural dos povos,
ouve-se e, por vezes, já se respeitam interesses das minorias.
Isso,
é saliente na América Latina e Brasil. E o mundo árabe vive uma
mutação semelhante.
A
transição para esta era global está inserida por dois vectores:
O
poder, que nos trouxe a ciência ao serviço da técnica, e a sua
aplicação na industria. Induzindo à lógica do lucro.
E
o direito das pessoas, à liberdade, à igualdade e à fraternidade,
valores catapultados pela Revolução Francesa, de 1789.
Mas
os conflitos cresceram e o modelo humanista não se alterou – a
Terra não suporta por muito mais tempo o crescimento da humanidade.
E o capitalismo reproduz uma economia cada vez mais considerada como
uma fatalidade do nosso tempo.
Como
evitar que a Terra se não transforme num imenso “Titanic”?
“Seremos
capazes de ir rumo a uma sociedade-mundo portadora do nascimento da
própria humanidade? Há possibilidade de rechaçar a barbárie e
realmente civilizar os humanos? Será possível salvar a Humanidade,
realizando-a?” (MORIN: 2003, p. 295).
O
terminus da Guerra Fria trouxe o fim do confronto ideológico mas fez
nascer o choque das civilizações. A Globalização é linear, de um
só caminho – o económico – um mercado cada vez mais mundial.
A
Cultura, a Politica, a Ecologia, a identidade, os meios de
comunicação subordinaram-se ao grande projecto económico
globalizante.
Pretende-se
com ele o crescimento da riqueza e daí, a erradicação da pobreza.
No
extremo, o fim das desigualdades sociais.
Mas
trouxe a concentração da riqueza para poucas mãos: 600
multimilionários possuem um património superior a
1.000.000.000.000 de dólares. As 100 pessoas mais ricas equivalem às
receitas totais de todos os países pobres da Terra. A renda média
dos 20 países mais ricos é 37 vezes maior que dos 20 países mais
pobres.
A
lógica dominante é que os países ricos precisam dos pobres aquém
comprarem matérias-primas e fornecerem mão de obra barata, com o
contrapartida de lhes venderem produtos. Até as ajudas humanitárias
e assistenciais são investimentos estratégicos em termos
económicos.
O
que é rentável no âmbito financeiro, globaliza-se. O resto, não.
Logo,
as necessidades básicas da vida não pertencem à expansão global.
Repare-se,
globalizam-se as técnicas médicas, mas não a saúde pública, nem
se globalizam os medicamentos, ou a educação pública. Apenas
textos e técnica de alto custo. Globaliza-se uma patente ou um
direito do credor mas esquecem-se os conhecimentos científicos e
tecnológicos.
Entre
muitos outros exemplos, globalizam-se os canais de comercialização
e distribuição de alimentos, mas não a nutrição saudável. Não
se globalizam os salários mas sim os grandes dividendos de capital
investido.
O
mercado global exige a globalização da solidariedade e da justiça.
“Existem
necessidades humanas imprescindíveis que não podem ser satisfeitas
pelo livre-mercado. A Igreja aposta em um crescimento económico
unido a outros valores para que esse crescimento seja justo, estável
e respeite todas as pessoas e todos os povos”.(João
Paulo II)
“O
sistema educativo é a principal, muitas vezes a única área
institucional que
tem
a potencialidade de actuar como um factor integrador, conforme sua
capacidade de gerar contextos em que crianças e adolescentes tenham
a possibilidade de manter uma relação com seus pares de outros
extractos sociais e desenvolver com eles códigos comuns, vínculos
de solidariedade e afecto sob condições de igualdade”.
(Kaztman, 2002).
O
ser humano deve ser o centro de qualquer opção. A globalização
transformou-o em consumidor ou produtor.
O
meio mais perverso de conduzir a Humanidade.
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