Resistir, por vezes, é olhar o passado (8º ciclo)
E
a última tentativa internacional para combater os paraísos fiscais
foi um fracasso.
Em
fins de 2008, cerca de 200 especialistas em finanças internacionais
reuniram-se em Monte Carlo para estudar regras contra a evasão
fiscal. Esta cidade fica no principado do Mónaco, sul da França, um
dos mais famosos paraísos fiscais da Europa. "Discutimos
a evasão no coração geográfico do problema",
disse um dos especialistas franceses que participou da conferência.
"O
Mónaco tem uma imagem muito ruim, inclusive na comunidade financeira
internacional",
acrescentou. Mónaco, Andorra e Liechtenstein eram os últimos
paraísos fiscais europeus acusados de não aplicar as normas
voluntárias de transparência financeira e intercâmbio de
informação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Económicos (OCDE), que tem entre os seus 30 membros todas as
economias do Norte rico.
Mas,
a reunião em Monte Carlo, pelo menos demonstrou que a luta contra a
evasão fiscal voltou a constar da agenda internacional. A OCDE e do
seu Grupo de Acção Financeira travam desde o começo da década de
90 uma batalha contra os paraísos fiscais, refúgio de fundos
especulativos e procedentes de actividades criminosas.
Um
paraíso fiscal é um Território - Estado ou jurisdição dentro de
um Estado – onde os impostos são baixos ou não existem.
Isso
é um convite para pessoas endinheiradas ou empresas depositarem ali
seus haveres, com a finalidade de escapar aos impostos nos seus
países. São sempre centros de lavagem de dinheiro, porque são
feitas poucas perguntas aos depositantes sobre a origem ou o destino
do dinheiro.
Os
esforços da OCDE e do Grupo de acção Financeira foram
infrutíferos.
Estes
são "os
tempos económicos mais difíceis que enfrentamos em muitas décadas",
disse numa conferência na sede da OCDE em Paris o director-geral da
organização, Angel Gurría. Essa reunião, proposta por Alemanha e
França, países que mais promovem o controle ou encerramento dos
paraísos fiscais, aconteceu para analisar o resgate de instituições
financeiras afectadas pela crise, muitas delas por causa das suas
actividades especulativas. "Acordámos
emprestar dinheiro aos bancos para resgatá-los da quebra, mas ao
mesmo tempo eles não poderão continuar a trabalhar com paraísos
fiscais",
os quais deveriam ser fechados, disse o presidente francês, Nicolas
Sarkozy.
Gurría
calculou que os paraísos fiscais em todo o mundo têm nos seus
cofres 7 biliões de dólares. "Muitas
nações nos últimos três anos reforçaram as suas leis contra a
evasão",
acrescentou. Mas alguns números sugerem o contrário. A rede Tax
Justice Network, com sede em Londres, estimou que são 11 biliões
que, para não pagar impostos no seu lugar de origem, estão
escondidos em países europeus como Liechtenstein, Mónaco e Suíça
e outros paraísos fiscais de todo o mundo. Há oito anos, o FMI
calculara que havia em depósitos nos paraísos fiscais 1 bilião de
dólares.
Portanto,
o fluxo para as instituições aumentou significativamente.
Mas
a última edição da lista negra de paraísos fiscais que não
colaboram, elaborada pelo Grupo de Acção Financeira da OCDE e que
data de 2010, incluí ainda 25 países, jurisdições e territórios.
Comentários