Episodio 9.

Foi apenas uma pequena notícia relatando uma catástrofe natural do centro da Europa, aparentemente mais uma daquelas que nos deixam tristes pela miséria que arrasta consigo, os dramas humanos que se enfrentam, a chuva copiosa e torrencial levando bens e vidas pelas veredas sem destino em trilho largo de rota batida, incontrolável.
Só que, numa adenda, em jeito de esclarecimento suplementar, fala-se na anormalidade da situação, do enorme abalo sísmico coordenado pelas chuvas diluvianas, sem paralelo com acontecimentos anteriores no local, uma espécie de brutal zanga dos deuses sobre uma povoação aprazível que, praticamente, se eclipsou após uns poucos minutos de chuva e uns muito menos segundos de convulsão terrestre. A notícia acabou com um seco:
- A aldeia afectada como que desapareceu da face da terra sugada literalmente pelas suas entranhas.
Meus olhos descortinaram o pequeno tremor que abalou todos os músculos de cara de Maria. “Já começou!”. Notei o apelo que seus olhos me lançaram, porém, fui pela via da desdramatização, “Não foi mais do que uma enxurrada dramática”. Meu semblante exprimiu convicção, mas o peito alertou meus sentidos para outras ocorrências de há dias, todas diferentes, cirúrgicas. 

(aguardar próximo episódio) 

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