Episódio 18.

- Pai! Porque escreveste sobre o autismo?
Sem abrir os olhos, como querendo manter a quietude instalada, respondi:
- Aflige-me como em Portugal tratamos dos nossos diferentes. Como a falta de dinheiro provoca uma confrangedora situação de não te rales.
- Absorvi isso da tua história! Quem é David? Uma criança que conheces?
- Não, filha! Uma das muitas crianças abandonadas à sorte da vida. Mas uma história verdadeira...
- É filho de Claudine e João Maria, na vida real?
Abri os olhos e encarei Maria rodando um pouco sobre a cadeira-cama.
- Não! Não há personagens reais nos meus protagonistas. Apenas retirei a vida de David (nome fictício) dum site real e pungente mas com autorização da família.
- Certo! Apenas queria testar o enquadramento da tua história. Com um fim lindo...
- Qual! O Testamento?
- Exactamente!
É aqui que Maria se ergue, senta-se com os pés no chão e virada para mim.
- Onde queres chegar com aquele Testamento de Jesus?
- Atingir e, eventualmente, ajudar na modificação da Igreja que temos, melhor, a que sempre houve ao longo dos tempos.
- Deixa-me ler um pouco, quero entender alguns porquês:
Eu, filho do muito amado Pai, desci à Terra. Nela vivi no seio de todos os que me quiseram reconhecer. Ofereci aos Homens e Mulheres de Boa Vontade o caminho da salvação. Às Crianças, directamente, o Reino do Pai.
Disse-vos: “Quem não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.
Hoje, na hora da minha partida, deixo-vos a minha ultima mensagem, talvez, a mais importante de todas:
“Igualdade para os mais fracos. Que os diferentes tenham os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades. Quem os marginalizar deles não será o Reino de Deus”.


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