Episódio 17.

...
- Sabes, Pai? Sempre gostei de leitura! Só há pouco tempo me reconverti ao álcool.
A frase última foi quase sibilada mas rematou-a com um leve sorriso irónico.
Mantive-me na expectativa. Sabia que algo iria despertar reacção. “Estás encontrando algo que te vai seduzir”.
- Pai!!! Tu escreves?
A admiração era genuína. Acabara de descortinar um autor conhecido, eu.
Olhou-me com admiração. Uma leve abertura de lábios denunciava o espanto da descoberta.
- Não achas que este ambiente em que estamos me possa ter seduzido à escrita?
- Sim, claro!
Agora seus olhos abriram-se de confluência de rios. E rematou:
- Não te conhecia!
Uma sombra turva seu semblante. Desce os olhos para os livros que exibem o meu nome nas capas.
- O Testamento de Jesus?
Frenética, levanta o livro e folheia-o. Queda-se uns segundos na leitura de um qualquer capitulo.
- Ena! Foste capaz de pôr o dedo na ferida...

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