Episódio 10.

... A estabilidade emocional desactivou-se, de novo, no dia seguinte. Maria foi portadora de notícias dificilmente descartáveis.
Alertou-nos para uma imensidade de sítios na Internet que relatam sobre o assunto “2012”, todos contagiantes de profecias, nova geografia para a Terra após o “fim”, futura era glaciar, anomalias magnéticas no Planeta Terra, Ciência anuncia cenário apocalíptico, estabelecendo-se coincidências entre o que sempre disse a religião e as actuais informações cientificas.
O nervoso transmitido por esse mais do que um milhão de sites não deixa margem para dúvidas, algo pode acontecer e temos de ajudar na defesa contra o colapso psicológico mental.
Quem te avisa, teu amigo é, como diz o ditado popular.
Com certeza que o trauma será menor se não formos apanhados totalmente desprevenidos.
Neste contexto tomei um decisão: havia que preparar o nosso espírito e dar resposta há grande ansiedade de Maria ... Lera algures num jornal que em Coimbra funcionava um observatório aeroespacial que colaborava na monitorização das interacções escondidas Sol-Terra, através de um dos muitos satélites que gravitam pelo imenso espaço contido sobre as nossas cabeças.
Maria acompanhava-me perfeitamente compenetrada do seu papel de entrevistadora, perante a sua avidez de informação e compreensão destes fenómenos da natureza.
Professor Antunes foi extraordinariamente coloquial.
- O problema está em determinar e prever as tormentas solares e o que devemos fazer para delas nos proteger. E temos à nossa frente um máximo solar nos anos de 2012 e 2013.
- Máximo solar? - questiona Maria que absorvia as palavras.
...
- Não será impensável esse fenómeno?
- Talvez, mas os cientistas já diziam ser impensável a meia-hora de 20 de Janeiro de 2005. E no dia 7 de Setembro, uma outra perturbação solar, libertou uma chama solar, monstruosa, de grau X-17, a segunda maior de que há registo causando uma explosão que na Terra produziu um apagão de muitas ondas curtas, danificou as transmissões radio amadoras na parte da Terra onde era dia, que àquela hora, 13.40, incluía a maior parte do hemisfério ocidental. O Sol expeliu mais nove chamas classe X durante os sete dias seguintes; várias tempestades de radiações atingiram o planeta. O campo magnético da Terra protege-nos, normalmente, deste tipo de radiações. Esse campo magnético, porém, tem diminuído inexplicavelmente nos últimos anos.
...
Quanto mais forte for a força gravitacional que puxa o Sol, mais probabilidades tem a sua superfície de abrir fissuras, começando, subitamente, a libertar o que é conhecido por radiação encarcerada, uma expressão que descreve a incomensurável quantidade de radiação presa dentro do Sol, às vezes durante dezenas de milhares de anos. Em circunstâncias normais, esta radiação escorre do Sol numa corrente mais ou menos constante, mas quando a superfície do Sol se rompe, a radiação presa pode libertar-se em erupções muito grandes. O próximo pico na força de maré planetária, essencialmente a soma total da força gravitacional exercida pelos planetas sobre o Sol, virá nos finais de 2012. O máximo da mancha solar, por coincidência também esperado para esse ano, irá baralhar a situação, sujeitando o Sol a um stress máximo. Também se espera que os pólos magnéticos do Sol, que se trocam de vinte e dois em vinte e dois anos, no pico de cada segundo ciclo, troquem em 2012, juntando mais volatilidade à situação. A sinergia resultante da pressão gravitacional e electromagnética no Sol não pode deixar de distorcer e distender a sua superfície, libertando megaerupções de radiação aprisionada, que são muito possivelmente muito mais mortíferas do que as que a Terra encontrou desde que apareceu o Homo sapiens.

Quando saímos de escritório do Professor Antunes, Maria ia siderada.
- Vamos, efectivamente, morrer todos! - dizia para si própria.
Eu caminhava a seu lado em silencio, no sentido do parque onde guardara o Jeep, entre dois pensamentos antagónicos e, por isso, extremamente preocupantes: Deus não quererá matar a Humanidade, não chegámos ainda ao caos que a Bíblia fala, mas, por outro ângulo, a conjugação dos factores espaciais que foram explicados pelo Professor e por de trás dele uma infinidade de cientistas, são deveras constrangedores e premonitórios do que nos possa esperar em Dezembro de 2012.

(o próximo episódio, amanhã Domingo)

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