Que fazemos Aqui!

Marro no Tempo, sempre que nada tenho para fazer!
Ele, o Tempo, sábio, perguntou-me:
- Que fazes, criatura? Pensas que maltratando-me
melhora a tua incapacidade de veres em mim
os males da Humanidade?
- Não!
Respondo ao Vento que transporta minhas palavras
contra o muro do desespero.
É este, o Desespero, que responde, entrando na contenda:
- Que fazes, criatura? Pensas que bater-me
alivia tua solidão?
- Não!
Volto a responder, desesperançado, agora ao Desespero.
É este, a não esperança, que responde aborrecido:
- Que fazes, criatura? Será tal a tua cólera perante a vida
que só vês a angústia onde te refugias?
- Não! - respondo em acto de resignação – só me respondem
com perguntas que só me resta a renuncia às questões da existência!
- Não, Não, Não!
Gritam em uníssono, o Desespero, o Vento e o Tempo:
- O que dizem, enfim?
Tive ainda forças para questionar.
Eles, de novo, numa só voz:
- Que esperas para marrar em ti próprio, sacando de ti
essa ansiedade desesperante, esse aperto de coração que te esmaga,
essa estreiteza de sentimentos funestos? Vive, criatura!
- Sinto-me a morrer!
Digo, num ai, em sussurro.
- Pois luta, a vida não é mais que um combate permanente,
a subjugação das vontades num constante medir de forças,
uma luta da paciência contra a insolência!
- Estou cansado! O que faço aqui? Só curto a solidão,
vivo em permanente angustia.
A frase sai num fio.
Mas, reunindo as últimas forças:
- Quero amar a minha companheira adormecida, a mulher
que tudo me deu, até à exaustão! Grito.
O Tempo, o Vento e o Desespero, juntos,
discutem até alta madrugada,
os males da Humanidade,
a Solidão das criaturas,
a cólera contra a Vida,
as questões da Existência.

Que me conste, dessa magna sociedade, nenhum consenso!

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