Soluções?

Não sou, com certeza, o único a dizer que qualquer Governo de Portugal, no seu Plano de Negócios, tem de definir metas válidas de actuação e, com elas, ser avaliado no fim da legislatura.

As mais importantes:

1. Crescimento sustentado da economia.

2. Correcção das assimetrias regionais.

3. Distribuição mais justa dos rendimentos.

A crise de competitividade, que todos falam, assenta nestes pressupostos.

Os 8,6% do BIP do nosso défice externo dificultam um crescimento sustentável e é uma ameaça constante para a evolução negativa do “rating” atribuído ao País por agências internacionais, o que determina menor investimento estrangeiro, por acréscimo de risco.

10% do território concentra 50% do seu poder de compra, 45% da população, 47% das empresas, 70% da facturação empresarial, 73% dos impostos do Estado e 78% do crédito bancário.

São assimetrias profundas.

Pobreza infantil e dos idosos, insucesso escolar, baixos níveis de qualificação, pouca formação ao longo da vida, desigualdades no acesso aos direitos de pessoas com deficiência e imigrantes e o não acesso às tecnologias de informação, completam a “injustiça” na área da distribuição dos rendimentos.

Que fazer?

Direi que o Estado está fazendo algo.

Há combate ao insucesso escolar, aos níveis de qualificação, ao acesso às tecnologias.

Mas é muito pouco tudo isto.

Falemos hoje do empresariado.

Os empresários têm de demonstrar o seu “saber-fazer”.

Também, têm de ser avaliados pelos resultados que evidenciam.

Como os trabalhadores, pela sua capacidade produtiva.

Os empresários queixam-se da falta de produtividade dos seus empregados mas esquecem-se que trabalhadores mal pagos não trabalham bem.

Tem de haver motivação para que todos façam a sua parte, sempre melhor que os outros – é o conceito da produtividade.

E não digam que não podem pagar mais.

Inovação nas empresas fala-se muito, mas há muito pouco.

Inovação é não manter os modelos de negócio anos após ano, é a aposta na qualificação dos recursos humanos, é a qualidade dos produtos e processos de fabrico, é a inovação organizacional, é a constante procura de ser competitivo no mercado.

Quem faz isto?

As empresas gastam 50 a 70% do seu orçamento em salários mas apenas 1% do mesmo orçamento na qualificação do seu pessoal...

Não seria de aumentar um pouco o orçamento da qualificação? E com ela, repensar a organização do trabalho?

Quantas marcas comerciais próprias existem nas organizações?

Em 1996, existiam 161 registadas no espaço europeu.

Em 2007, existiam 1266.

Vê-se haver vontade de algumas empresas portuguesas em “irem a jogo” mas é muito pouco.

E Patentes?

Em 2006, havia 88 no País.

Sabem o que se passa?

Estamos habituados a fabricar mas a colocar a marca do cliente porque é mais fácil “estar” assim no mercado.

Fabricamos sob Patente de outros por ser mais barato.

Esquecemos que é na componente Mercado que está a maior fatia do bolo, leia-se, da rentabilidade.

Seria a nossa Mais Valia. E ela vale muito dinheiro.

Só, assim, se podem vender os nossos produtos mais caros. É a alternativa de vender um produto branco (sem marca própria) ou um produto com marca.

Logo, a nossa competitividade vai pelo “cano”.

Desenvolvamos a nossas Patentes. São elas que credibilizam a Inovação.

Criemos Marcas comerciais. São elas que nos fazem ser conhecidos.

E como conhecimento vem o Mercado.

Eu aponto quatro soluções:

1. Façam-se ligações de parceria com universidades. Não é tão difícil como isso. Decorre, neste momento, um programa de abertura da Universidade de Aveiro às Empresas. Aproveitem, Senhores Empresários.

2. Analisem a “custabilidade” das vossas empresas e actuem sobre ela.

3. Há um défice de “Empreendorismo” e uma oferta válida de capital de risco.

4. Fazer a nossa parte, é deixarmo-nos de lamurias e pôr as nossa empresas acima dos 10% de rendibilidade dos capitais próprios.

Pois é, paga-se IRC, mas existem vantagem adicionais na competitividade.

Só assim se criam benefícios para os empresários, mantendo uma boa estrutura financeira e contribuindo para o decréscimo do deficit do PIB nacional.

Em 2008, só 34% das empresas apresentaram IRC liquido.

É um dos desafios que tem de ser enfrentado.

E não teríamos de aceitar as condições do FMI.

Que pena deixarmos que os outros façam o nosso trabalho de casa!

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