O Caminho para parte nenhuma

Uma história que poderia ter sido de sucesso, só que desde o início “ferida de morte” e, por isso, os últimos 30 anos foram um “caminho para parte nenhuma”.

Encerra uma história de amor, com Elizabeth, linda como todas as histórias que coexistem entre a paixão, os males e tristeza.

O romance percorre o período histórico pós-revolucionário de Abril 74, retrata o fim do momento social, ainda, de euforia, em fins de 1977, após a exuberância da revolução de há três anos.

Este é o quadro de arranque do romance, verídico, entre António, um técnico do Ministério da Industria até 1978, e Elizabeth, uma mulher que ao lado de António o faz grande e o catapulta para a área empresarial. Até que a empresa foi destruída, em 1983.

Segue-se a vida de Elizabeth e António, com seis filhos, influenciada por aquele acto fatídico de 1983, em que a extrema-esquerda portuguesa decidiu dar o seu último golpe no País de Abril. Apontam-se as consequências sociais, financeiras e psíquicas.

Sete anos depois do desmoronamento da luta subterrânea das forças de extrema-esquerda, ainda ficaram uns restos de veneno que foram incendiados com a informação de António que aquela unidade industrial ia ser tomada por estrangeiros. A localização da empresa era num dos centros nevrálgicos da Cintura Industrial de Lisboa, onde o capitalismo e as multinacionais nunca, ao tempo, seriam deixadas pôr o pé.

A derrota desse lado esquizofrénico da política portuguesa dos anos 70, era inevitável, mas só com a entrada na C.E.E., em 1986, é que o caminho foi, definitivamente, apontado. A destruição da empresa de António, acção nunca reivindicada por nenhuma organização, denotou o estado de falência do movimento de massas em Portugal. Escondeu o que fez porque já ninguém os absolveria do acto, pelo qual só esperariam a punição judicial. A História julgou esta concepção de revolução social mas, o vandalismo da empresa de António não foi julgado, nem criticado, nem condenado, porque não foi conhecido. Todos o taparam. Até as forças de segurança. Até o comando dessas mesmas forças de segurança. Dito de outra forma, a concepção putschista daquelas organizações esquerdistas foi, por isso, "o caminho para parte nenhuma!"



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