Dor
Sofro a ausência dos braços que me amaram,
vejo em mim o poema inacabado,
pela inércia da musa morta na obscuridade da noite.
Sinto-me um caminheiro,
deambulando com o rebanho afogado
nos passos do pastor.
Sou um trôpego andante ferido de morte,
espezinhado pelo cheiro das madeiras velhas,
enquanto o vento uiva receando
que o temporal desperte maior tormenta.
Oferecerei, com gosto,
o peito à lâmina cirúrgica que revele minhas entranhas, se não detectar qualquer lúcido flash
que justifique a imobilidade sob a cama fria,
onde meu corpo repousa
mas meu coração bate de dor.
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